“Macabéa entendeu uma coisa: Glória era um estardalhaço de existir. E tudo devia ser porque Glória era gorda. A gordura sempre fora o ideal secreto de Macabéa, pois em Maceió ouvira um rapaz dizer para uma gorda que passava na rua: ‘a tua gordura é formosura!’”.
Desculpe-me a fotografia, o cinema, as artes plásticas, a dança e o teatro, mas a literatura me tira o fôlego. Descobri em Clarice um refúgio. Em Macabéa uma irmã. Tão insignificante, idiota e fascinante. Limpando o catarro na barra da combinação.
“Você sabe se a gente pode comprar um buraco?”. Sim pode, quando a gente morre tem que pagar por um, e caro. “Mulher de deputado é deputada também?”. Na teoria não, mas na prática sim, peruas ricas que gastam dinheiro público e aparecem em revistas. "Eu gosto tanto de parafuso e prego...". Eu prefiro os pregos, parafusos são muito complicados.
Como era bom conversar com Macabéa. De uma sabedoria de asno. De uma burrice acadêmica. Ela sempre questionando o mundo ao redor. Acordava mais cedo aos domingos para ficar mais tempo sem ter o que fazer. É uma pena que tenha morrido tão cedo e de forma tão brutal. Tão sábia que morre a se perguntar: ''E quanto ao futuro?''. O futuro, querida Macabéa, sabe de si